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Medicamentos agonistas dopaminérgicos utilizados no tratamento da Doença de Parkinson: risco de Desordem de Controle do Impulso.

Medicamentos agonistas dopaminérgicos utilizados no tratamento da Doença de Parkinson: risco de Desordem de Controle do Impulso.

14/12/07

 

As Desordens de Controle do Impulso (ICD) constituem um grupo de desordens psiquiátricas associadas à dificuldade de resistir a impulsos, podendo apresentar consequências na sua vida pessoal, familiar e profissional, sendo eles principalmente de natureza sexual, compulsão por compras ou por jogos, constituindo, no último caso, o jogador patológico (JP).

O JP tem relação com o abuso de substâncias, como o álcool, estimulação do núcleo subtalâmico por cirurgia cerebral ou uso de agonistas dopaminérgicos.
O uso de medicamentos agonistas dopaminérgicos no tratamento da DP pode estar relacionado com genes receptores da dopamina, em especial nos pacientes que apresentam achados nos sistemas mesolímbico e mesocortical, com alteração genética desses receptores. O tratamento convencional da Doença de Parkinson é baseado no aumento dos neurotransmissores centrais de dopamina, através de estímulo com agonistas dopaminérgicos, o que poderia favorecer mutagêneses relacionadas ou não às ICD.

Parece que a patogênese do JP está relacionada com o aumento da dose dos medicamentos no tratamento de Parkinson, especialmente pelo estímulo dos receptores D2 e D3 dopaminérgicos (ver tabela 1).
O perfil do paciente com maior risco de desenvolver desordens de controle dos impulsos é o de sexo masculino, com idade entre 25 e 29 anos, com antecedentes psiquiátricos, história de tentativas de suicídio e baixo nível socioeconômico.


Assim, a Gerência de Farmacovigilância da Anvisa faz as seguintes recomendações:
• Os médicos prescritores deverão, antes de prescrever tais classes de medicamentos, promover uma anamnese completa do paciente, a fim de evitar sua indicação para os pacientes mais propensos a ICD;

• Os médicos deverão alertar os pacientes sobre este tipo de reação adversa antes do início da terapêutica medicamentosa;

• Os profissionais da saúde que assistem o paciente devem observar alterações de comportamento a fim de detectar precocemente tais distúrbios para reavaliação da terapêutica pelo prescritor;

• Os médicos prescritores que identificarem esta reação adversa deverão considerar a possibilidade de suspensão imediata do medicamento, com substituição de tratamento e notificar a reação para a Anvisa;

• Paciente que serão submetidos à cirurgia cerebral com possibilidade de estimulação do núcleo subtalâmico deverão ser advertidos sobre o risco do desenvolvimento da ICD e devem ser monitorados no pós-cirúrgico.

 

Na busca pela promoção do uso correto e seguro dos medicamentos, a Gerência de Farmacovigilância divulga essa informação e solicita aos profissionais de saúde que notifiquem a suspeita destas reações adversas (e todas as suspeitas de reação adversa grave a qualquer medicamento ou aquelas que não estejam descritas na bula) por meio do Formulário de Suspeita de Reação Adversa a Medicamentos.

A contribuição de todos é fundamental na constituição do sistema de monitoramento dos medicamentos comercializados no País, pois o acúmulo de informações norteia as ações regulatórias no mercado farmacêutico brasileiro.
 

Referência consultada:

1. Driver-Dunckley; et al: Pathological Gambling Associeted with Dopamine Agonist Therapy in Parkinson’s Disease. Neurology n.º 61 Agosto de 2003.

2. Garcia, R.F.; et al: Treatment of Juvenile Parkinson Disease and the Recurrent Emergence of Pathologic Gambling. Cog Behav Neurol, vol 20, n.º 1, março de 2007.

3. Lester, J; et al: Juego Patológico Relacionado com el uso de pramixol em la enfermedad de Parkinson. Rev Neurol Vol 43, maio de 2006. p. 316 – 318.

4. Stocchi, F., et al: Pathological Gambling in Parkinson’s Disease. www.neurology.thelancet.com, vol 4, outubro de 2005.

5. Sullivan, S.O; et al: Pathological Gambling in Parkinson’s Disease. www.neurology.thelancet.com, vol 6, maio de 2007.

6. Weintraub, Daniel; et al : Association of Dopamine Agonist with Impulse Control Disorders in Parkinson Disease. Archives of Neurology, vol 63, julho de 2006.