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Informe SNVS/Anvisa/UFARM nº 2, de 1º de dezembro de 2003

Os riscos da automedicação na dengue

Público Alvo: Usuários

O ressurgimento da doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, conhecida como dengue, fez com que o Ministério da Saúde/MS desencadeasse uma campanha intensa de mobilização social e de informação contra o mosquito da dengue, merecendo destaque por parte das três esferas de governo. No primeiro semestre de 2003 foram notificados 274.494 casos de dengue, ou seja, uma redução de 62,6% quando comparado ao mesmo período de 2002. Entretanto, poderá ocorrer casos de dengue em 2004, especialmente no período de chuvas pelo acúmulo de água em caixas d'água, barris, tambores, vidros, potes, pratos e vasos de plantas ou flores, tanques, cisternas, garrafas, latas, pneus, panelas, calhas de telhados, bandejas, bacias, drenos de escoamento, canaletas, blocos de cimento, urnas de cemitério, folhas de plantas, tocos e bambus, buracos de árvores e muitos outros onde a água da chuva é coletada ou armazenada.

A dengue é uma doença febril aguda causada por um vírus de evolução benigna, na maioria dos casos, e seu principal vetor é o mosquito Aedes aegypti. O vírus causador da doença possui quatro sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4. A infecção por um deles dá proteção permanente para o mesmo sorotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três.

Existem duas formas de dengue: a clássica e a hemorrágica. O primeiro sintoma do Dengue Clássico é a febre alta (39° a 40° C), de início abrupto, seguido de cefaléia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular), prostração (abatimento, cansaço), artralgia (dor nas articulações), anorexia (perda do apetite), dor retroorbital (dor atrás dos olhos), náuseas, vômitos, exantema (manchas vermelhas pelo corpo), prurido cutâneo (coceira na pele), podendo afetar crianças e adultos, mas raramente mata. A dengue hemorrágica é a forma mais severa da doença, pois além dos sintomas citados, pode ocorrer sangramento e ocasionalmente choque, podendo levar à morte.

De acordo com o Ministério da Saúde a dengue não possui tratamento medicamentoso específico, ou seja, os medicamentos são utilizados apenas para amenizar os sintomas dessa doença. No tratamento do Dengue Clássico devem ser evitados os salicilatos (ácido acetilsalicílico, ácido salicílico, diflunisal, salicilato de sódio, metilsalicilato, dentre outros), pois podem favorecer o aparecimento de manifestações hemorrágicas e acidose. Também não há subsídio científico que dê suporte clínico ao uso de antiinflamatórios para o tratamento dos sintomas da dengue. Alguns antiinflamatórios não esteroidais (AINES) são: indometacina, ibuprofeno, diclofenaco, piroxicam, naproxen, sulfinpirazona, fenilbutazona, sulindac, diflunisal. Além dos AINES existem outros antiinflamatórios denominados hormonais ou corticoesteróides como prednisona, prednisolona , dexametasona e hidrocortisona. Todos os antiinflamatórios podem aumentar a tendência hemorrágica na dengue e por isso são contra indicados.

É importante iniciar a abordagem dos sintomas da dengue com medidas não farmacológicas tais como: repouso e ingestão de líquido. Caso seja necessário o uso de medicamentos para o tratamento de febre ou dor deverão ser utilizados medicamentos do tipo paracetamol ou dipirona, de forma racional e de preferência sob orientação médica.

Já os pacientes com Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) devem ser observados cuidadosamente para a identificação dos primeiros sinais de choque, como a queda de pressão. O período crítico ocorre durante a transição da fase febril para a sem febre, geralmente após o terceiro dia da doença. A pessoa deixa de ter febre e isso leva a uma falsa sensação de melhora, mas em seguida o quadro clínico do paciente piora. Em casos menos graves, quando os vômitos ameaçarem causar desidratação, a reidratação pode ser feita em nível ambulatorial. O Ministério da Saúde alerta que alguns dos sintomas da dengue só podem ser diagnosticados por um médico.

Cabe relembrar que os medicamentos possuem doses diferenciadas para adultos e crianças e todo medicamento possui contra indicações, inclusive os medicamentos de venda livre. Em caso de dúvidas o usuário deverá procurar o farmacêutico ou médico para esclarecimentos antes de ingestão do medicamento.

A Unidade de Farmacovigilância da Anvisa vem alertar em relação ao uso indiscriminado, abusivo, ou mesmo sem uma correta indicação de medicamentos no tratamento dos sintomas da dengue. Lembramos que para o medicamento ter a eficácia esperada e para que não haja um risco de intoxicação, bem como o surgimento de efeitos colaterais até mesmo fatais, deve-se preferencialmente seguir uma orientação médica e caso não se tenha o resultado esperado, recomenda-se retornar ao mesmo para uma reavaliação da conduta de tratamento. Sempre que os sintomas não regredirem é importante procurar um atendimento médico para avaliar a situação o mais breve possível.

Referências: